Defensor Oficioso

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01 junho 2007

"Ao fim de 22 anos estou cansada de ser juíza"

Entrevista à Exma. Juíza de Direito Conceição Oliveira

Pediu escusa do julgamento do caso da criança nascida morta no Hospital Amadora-Sintra, alegadamente por negligência médica?

Não pedi escusa. Expus ao Conselho Superior da Magistratura razões pessoais para não continuar a julgar esse caso. O vice-presidente concordou e disse que falasse com os advogados das partes. Caso aceitassem as minhas razões, o julgamento ficaria suspenso durante 30 dias para, depois, se marcar nova data. Os advogados compreenderam a minha posição, e concordaram.

O julgamento volta, então, à estaca zero?

Sim, vai ser necessário produzir novamente toda a prova. Tudo o que está para trás fica sem efeito.

Que razões tão fortes a levaram abandonar um julgamento, sabendo-se o quanto é destemida?

São razões pessoais, do foro intimo. Trata-se de um caso de uma mulher que vê o filho nascer morto. Nada de tão dramático me aconteceu. Mas passei por situações paralelas. Esta história cruza-se com a história da minha vida. Mexe emocionalmente comigo. Não tenho condições para julgar com isenção e imparcialidade. Estou sem liberdade emocional. Tenho de me afastar.
continua in
Diário de Notícias

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