Comissão detecta documento da Assembleia da República falsificado

A história é no mínimo insólita - mete negócios imobiliários e alegações sobre um deputado que nunca o foi. Resumindo: há um queixoso que acusa um deputado (sê-lo-ia à data dos supostos "factos", agora ex-deputado) de ter usado esta condição para não apresentar garantias bancárias num contrato comercial. E apresenta uma carta da comissão de Ética, que alegadamente lhe teria sido apresentada pelo referido parlamentar, a dizer isso mesmo. Sendo que a carta é falsificada, a argumentação não tem qualquer fundamento legal, e o nome referenciado é presidente de uma junta de freguesia. Mas nunca foi deputado.
Comunicada aos membros da comissão de Ética na última quarta-feira, a história desta descoberta - quase acidental - começa com uma queixa de um cidadão dirigida ao presidente da referida comissão, José Matos Correia. Na missiva, o autor do protesto queixa-se que um deputado invocou o estatuto de parlamentar "para sonegar a prestação de uma garantia bancária" no âmbito de um contrato de arrendamento.
A acusação é baseada num "documento", que o queixoso junta ao protesto e que alegadamente teria origem na própria comissão parlamentar de Ética - a folha em causa é encimada pelo nome da comissão, tem o timbre da AR e assinatura do próprio José Matos Correia.
No texto deste "documento", que configura uma resposta a um pedido de esclarecimento (que, alegadamente teria sido feito pelo tal deputado), é afirmado: "Relativamente ao pedido de informação sobre o pedido de uma garantia bancária vimos informar que é considerado eticamente incorrecto o pedido a um banco comercial por um deputado de uma garantia bancária." E diz mais: " É no entanto desnecessário tal pedido devido a que um deputado da Nação [sic] não pode contrair dívidas e não respeitar as suas obrigações, estando sujeito a processo disciplinar por esta mesma comissão ."
Segundo o queixoso, o referido "ex-deputado" deixou de cumprir as obrigações contratuais, pelo que o autor do protesto vem alertar a comissão, para que esta "evite emitir declarações que, indevidamente usadas, sirvam para justificar comportamentos menos condizentes com o estatuto do deputado".
continua in
http://dn.sapo.pt/2006/06/09/nacional/comissao_detecta_documento_assemblei.html
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