Dez mil lutam por trabalho

Têm menos de dez anos de profissão e já representam 60 por cento dos 26 mil advogados no activo em Portugal. A proliferação dos cursos de Direito disparou as inscrições na Ordem. E o desemprego? Os jovens estão em larga maioria entre os dez mil licenciados em Direito sem trabalho.

A nossa geração está a ser explorada.” Filipa de Castro Barroso é o rosto da luta dos jovens advogados. “O Estado deve-me mais de dez mil euros desde Abril de 2006.” Filipa fala dos custos da defesa que exerce em regime de apoio judiciário no megaprocesso de tráfico de álcool, a decorrer no Tribunal de Sintra, no âmbito do qual apenas recebeu 157 euros.

Este é apenas um dos 15 casos em que trabalha como advogada oficiosa, a sua principal fonte de rendimento. “Eu ainda estou dependente das oficiosas. Não me posso dar ao luxo de recusar porque também me dão trabalho e experiência”, explica a advogada de 32 anos, cuja vontade de não sair de Lisboa a levou a abrir um escritório em casa, na Estrela, depois das más experiências em grandes sociedades: “São fábricas de advogados. Não gostei do que vi. Era mal paga e só queriam os jovens para estarem lá a atenderem telefones. Nos trabalhos, o nome que aparece nunca é o nosso.”
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Correio da Manhã