Defensor Oficioso

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06 julho 2006

Corrupção mais engenhosa

Deixou de ser «fenómeno marginal» para passar a ser prática generalizada, com técnicas avançadas. PJ está de olho nos infractores de luxo que, em um terço dos casos, actuam nas autarquias.

A corrupção em Portugal já não é o que era. Os processos mediáticos que ocorreram nos últimos anos chamaram a atenção para este tipo de criminalidade e «afinaram» as capacidades dos criminosos. A conclusão foi apresentada no Centro de Estudos Judiciários, por Nuno Maurício, coordenador da Polícia Judiciária.

«A exposição mediática de alguns processos, como o da Brigada de Trânsito da GNR, permitiu um aperfeiçoamento deste tipo de criminalidade e um acautelamento por parte de quem o pratica», explicou o coordenador da instituição ao PortugalDiário.

A corrupção deixou de ser um «fenómeno marginal destinado à obtenção de pequenos favores» para passar a ser, não só uma prática espalhada pelo Estado, como também em instituições privadas.

«Há empresas que contratam pessoas que estão em cargos de relevo e que têm ou tiveram cargos de decisão», adiantou. A corrupção está cada vez mais rodeada de especialistas que tentam superar as autoridades.

«O apoio especializado aos crimes de corrupção existe. Não só ao nível contabilístico como jurídico e cada vez com mais frequência. A intenção é "legalizar" as práticas ilícitas, isto é, dissimular os crimes», explicou Nuno Maurício.